Sunday, January 27, 2008

Entrevista com Diniz - Parte Final

A primeira parte da entrevista encontra-se abaixo, após o post do Alan.


Z: Qual a importancia de Caloba e Antoniou na sua vida?

PSR: Bom, sobre eles eu posso escrever um livro. Eles tem muito em comum,
e por isso se gostam. Amam o que fazem, sao
profissionais extremamente competentes, sao humildes, e dominam
suas areas como ninguem.

O Caloba foi a primeira pessoa a dizer que eu tinha algum valor. Isso
mudou muito minha vida profissional. Ele foi o primeiro professor que
tive que dava o sangue para o aluno aprender e sempre arrumava um jeito
de atender a todos. Sem ele nao teria feito mestrado e doutorado, pois ele
era o exemplo vivo de que isso valeria a pena.

O Antoniou era uma pessoa que eu admirava de longe por suas descobertas em
pesquisa. Mas ele de perto e' muito mais que isso. So' anos depois,
entendi muitos de seus conselhos. Ele tem uma cultura geral
impressionante, sabe pintar, tocar instrumentos e sei la' mais o que. Mas
e' bem timido, assim como o Caloba.

O Caloba e o Antoniou sabem tanto de suas profissoes e sao tao inteligentes
que so' posso dizer que tive a sorte de ter tido a chance de ser aluno deles.
Mais que isso, tenho por eles o respeito que um filho deve ter com um
bom pai.

Z: Depois de tantas vitorias profissionais, o que o senhor ainda almeja
alcancar e conquistar?

PSR: Quero ajudar a formar mais alunos e quero admirar o sucesso dos
meus ex-alunos.

Seja la' o que fiz no meu nome, vai ser esquecido rapido. Mas o
conjunto da obra dos meus ex-alunos, isso sim pode ser uma vitoria.

Z: Do que o senhor se arrepende na sua vida?

PSR: Ter me deixado estressar em situacoes que nao valiam a pena.

Z: Qual a importancia da educacao na vida das pessoas?

PSR: E' tudo. O Antoniou me dizia que todos os dias voce tem que alimentar seu
intelecto. Sou estudante ate' hoje.

Z: Qual conselho o senhor daria para quem sonha em ser um pesquisador?

PSR: Tente fazer o melhor possivel, aprender o maximo possivel e seja etico.
Nao tenha inveja dos pares e sim admiracao. Nunca esconda informacao e ajude a
quem puder. So' tente superar a voce mesmo, pois cada um de nos tem
sua contribuicao a dar.

Eu nao acredito na competicao que muitos apregoam por ai'. Voce nao tem
que derrubar alguem para alcancar sucesso.

Thursday, January 17, 2008

Entrevista com Diniz emociona aluno


Depois de ler a primeira parte da entrevista com o professor D., o aluno André Targino não conteve sua emoção: resolveu homenagear o mestre vestindo uma camisa com seu nome.

Vale lembrar que o prestígio do professor D. aumentou bastante depois desta entrevista. Além da homenagem, ele já foi apelidado de Romário do DSP!

Saturday, January 12, 2008

Entrevista com Diniz - Parte I

Diniz é mais um anti-herói brasileiro. Mais para Garrincha que para Einstein, vai mudando muito uma pequena parte da realidade do Brasil. Segue parte da entrevista, concedida por mail.

Z: Apesar de todas as suas conquistas na carreira, o senhor mantem um jeito
irreverente e descontraido de lidar com a vida e sua profissao. Qual a fonte desse bom
humor permanente no seu dia-a-dia?

PSR: Bom, para ser honesto, nao tenho a impressao que conquistei tanto pessoalmente.
Porem, o bom humor vem da minha crenca de que se deve trabalhar e viver com
o maximo de divertimento possivel. As coisas ficam mais faceis assim.
Eu gosto do que faco, por que tornar o ambiente carregado a' toa?
Acho que mantendo o bom humor no emprego, estimulo mais os alunos e
e facilito o acesso a minha pessoa.

Tenho saude e me cerco de pessoas especiais, alem de ser otimista. Essas
sao as fontes de bom humor.

Mas tem muita gente que me discrimina por nao ser igual ao prototipo do
professor.


Z: O senhor demonstra ser muito ligado as suas raizes, as suas origens. Qual
a importanciada sua familia, e dos amigos de infancia e adolescencia na sua formacao
pessoal e profissional?


PSR: Eu brinco muito com a questao das raizes, mas no fundo sou apenas o equivalente
de um cao de rua, uma mistura de inumeras racas que me fazem me sentir apenas
mais um brasileiro. A familia e' fundamental, tenho muito respeito pelas
pessoas da minha familia e um amor infinito por elas. Meu pais foram pessoas
trabalhadoras, a minha mae professora e meu pai um eletronico que participou
ativamente da implementacao de emissoras de TV por aqui. Eles me ensinaram
a importancia de aprender sempre e foram profissionais que gostavam do que
faziam.

Na falta do meu pai, minha mae jamais me deixou trabalhar enquanto estudava,
e muitos tios e tias compravam livros para mim.

Tenho muitos amigos, e de muitos anos, e quando os encontro e' como se estivessemos
em contato permanente. Tenho mais amigos da adolencencia, na infancia
eu preferia meus primos aos amigos da rua. Mais tarde isso mudou.


Z: O que representa o LPS para o senhor?

PSR: O LPS foi concebido por seus professores como um ambiente que congrega
pessoas muito diferentes, mas leais umas `as outras. Ou seja criamos um
grupo de professores com mentalidades muito heterogeneas e que convivem
em paz, porque aprendemos juntos a ser tolerantes e evitamos o
egoismo.

Nao conheco outro grupo como esse na academia, e por isso tenho
muita sorte de pertencer ao LPS.

Mas a razao da existencia do LPS e' o aluno. Os professores podem
ser muito diferentes e, na minha opiniao, o que eles tem em comum e'
o carinho com seus alunos. Nossas divergencias geralmente giram em torno
de melhorar a satisfacao dos alunos.

Sem o ambiente do LPS nao sei se conseguiria ter o bom humor que voce mencionou.


Z: Em muitas conversas, o senhor sempre demonstra um grande otimismo em
relacao ao futuro do Brasil, mesmo em momentos de dificuldades e incertezas.
O que o faz acreditar num bom futuro para o Brasil?

PSR: Eu sou muito apegado ao nosso povo. No Brasil, as pessoas possuem virtudes
que desconhecem. Se educarmos todas as pessoas, teremos surpresas muito
agradaveis.

Se as pessoas que conseguiram se educar abandonarem o Brasil, ai' nada
podera' melhorar.

Temos corrupcao endemica e muita heranca da burocracia e favorecimentos
originarios da nossa colonizacao iberica. Os europeus estao resolvendo
isso, mas nos ainda estamos longe.